segunda-feira, 24 de junho de 2013

NOTA DO INSTITUTO DE HISTÓRIA DA UFRJ

O Instituto de História (IH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diante dos tristes fatos ocorridos nos últimos dias e em respeito aos seus mais de 70 anos de luta incessante em defesa das instituições democráticas em nosso país, condena, veementemente, a repressão policial desproporcional e ainda os demais atos de violência de forte viés autoritário contra a sociedade civil que no uso pleno de sua cidadania tem organizado manifestações por todo país.
Enquanto espaço privilegiado de construção do conhecimento e do livre debate de ideias, o IH coloca-se a favor das liberdades individuais e coletivas que caracterizam o Estado Democrático de Direito conquistado após décadas de lutas. Na sua condição de herdeiro do extinto Departamento de História da UFRJ, o IH caracteriza-se como defensor de um Brasil no qual o princípio da liberdade, na sua mais ampla perspectiva, é pedra angular na construção de uma sociedade livre, plural e tolerante.

Rio de Janeiro, junho de 2013.
                       NOTA OFICIAL DA DIREÇÃO DO IFCS-UFRJ

Em vista dos acontecimentos ocorridos na noite de 20 de junho último, a Direção deste Instituto vem a público, de forma veemente, manifestar o seu repúdio aos atos de violência que fizeram com que centenas de estudantes buscassem refúgio no interior de nossas dependências. Os relatos desses estudantes testemunham, em vivas cores, o que foi a ação das forças policiais e de outros indivíduos armados de paus e pedras, que os obrigaram a se proteger em nosso prédio.
A Direção deste Instituto, centro de excelência de nível internacional no ensino, pesquisa e extensão de filosofia, antropologia, ciência política e sociologia, de grande e reconhecida tradição na defesa intransigente dos princípios democráticos e da memória dos movimentos sociais - os quais, deve-se dizer, contribuíram decisivamente para os avanços políticos e sociais verificados ao longo de nossa história -, vem protestar contra a natureza arbitrária e ilegal pela qual se passou da suposta proteção do patrimônio público ao ataque indiscriminado a jovens manifestantes reunidos pacificamente nas ruas e imediações deste Instituto.
Deve ser motivo de preocupação para todos que o Estado venha a adotar uma postura agressiva e intolerante, tratando cidadãos como inimigos e perseguindo-os pelas ruas, como foi observado e experimentado por muitos naquela longa e dura noite. Além disso, também causa extrema preocupação o fato de que grupos organizados e orquestrados para exercer a violência física contra militantes de movimentos sociais e de partidos políticos legalmente constituídos tenham agido à larga como agentes da repressão, impedindo brutalmente o direito à livre manifestação, inclusive em locais muito distantes daquele que a mídia noticiou como principal foco dos conflitos.
Externamos nosso mais profundo agradecimento a todos que compuseram uma verdadeira rede de solidariedade e apoio, no interior da UFRJ e na sociedade civil em geral, durante aqueles momentos em que foi preciso permanecer nas dependências do prédio, e aos que possibilitaram a saída dos acolhidos em segurança para o retorno aos seus lares.
Por fim, associamo-nos às vítimas dessa truculência e solidarizamo-nos com suas famílias, reafirmando a posição histórica de nosso Instituto em defesa da democracia. Neste sentido, sempre que necessário, se buscará garantir, como naquela noite, a preservação e inviolabilidade do nosso patrimônio, bem como o acolhimento, a segurança e a integridade física daqueles que se manifestam por seus direitos. 

Rio de Janeiro, 21 de junho de 2013.
                                                             
                                                     Marco Aurélio Santana
                                                    Diretor do IFCS – UFRJ